2014/01/18 17:00:00 A perspectiva do mestrado como formação do pesquisador: quatro aspectos em questão. 1
授業紹介
Felisberto Sabino da Costa フェリズベルト・コスタ
Coautores: Kazuki Ueda, Takeshi Fujishiro e Tsubasa Ando.
Resumo:
O texto aborda, de forma sucinta, quatro aspectos do mestrado, pensado como processo de formação de um pesquisador. São eles: orientador e orientando, o pesquisador iniciante, contribuição das disciplinas cursadas e as implicações da citação.
Abstract:
The text discusses, briefly, four aspects of a master course, thought of as forming a researcher. They are: advisor and mentee, the novice researcher, contribution ot he courses taken and the implications of the quote.
要約:
本論は、研究者を育成する課程で考えられる大学院博士前期課程の4つの側面を簡潔に扱う。それらは「指導者と指導」、「研究者入門」、「講義を受ける有効性」そして、「引用の意義」である。
Essa breve reflexão é resultado de discussões realizadas durante a disciplina A Study of Portuguese Communication (Graduate School), transcorrida na Gaidai. O programa tinha como objetivo o estudo da metodologia cientifica, mediante análises de processos que visam à elaboração de uma investigação em nível de mestrado. Buscou-se colocar em discussão temas de interesse do aluno-pesquisador e sua relação com a pesquisa em geral. Foram tratadas questões referentes à definição de objeto, metodologia, análise de resultados e possibilidades de escritura. Foi nesse âmbito que emergiram os quatro aspectos aqui tratados. Mais do que a tentativa de apontar soluções, tem-se como horizonte apresentar questões, problemas suscitados no decorrer da disciplina e como eles foram abordados.
O mestrado (hakase zenki katei), pensado como processo formativo de um pesquisador, traz diversas questões, quanto à relação orientador e orientando, relação essa que constitui um ato implicado, pois aquilo que se faz repercute um no outro. É algo exercido na confiança mútua, que se constrói a cada encontro, no transcorrer do percurso acordado. Nesse sentido, poder-se-ia pensar numa viagem, como metáfora desse transcurso. A ideia de viagem sugere outros sentidos para o termo orientador, na medida em que ele se aplica a diferentes instâncias quanto ao caminho perfilado. Há um aparente paradoxo quando se diz buscar a retidão do caminho, pois se procura fixar uma trilha para um “automóvel brilhante que navega em trilho solto”, conforme nos diz Caetano Veloso (2013), na música Os Argonautas, concernente à trajetória de um barco.
O mestrado pode configurar-se, nessa perspectiva, como uma espécie de bildung, uma viagem formativa, em que o sujeito vislumbra o porto que se quer alcançar. Um processo dinâmico que coloca em moção todo o ser. Compartilhar que se estabelece consigo próprio e com o orientador, no formar-se mediante a prática da investigação. Em A Odisseia (2008), Homero narra as experiências de Odisseu (Ulisses) durante a guerra de Tróia. Ao partir, Odisseu deixou seu filho Telêmaco sob a tutela de Mentor, seu amigo mais próximo. Decorrido um tempo após findar a guerra, Odisseu ainda não havia regressado para casa. Assim, Telêmaco sai em busca do pai. Durante a viagem, a deusa Atena assumia a forma (a máscara) de Mentor, para encorajar e aconselhar o destemido Telêmaco, perante as situações enfrentadas. Essa viagem não ocorre para um lugar qualquer, ela possui um destino determinado. Mentor/Minerva, que no idioma inglês, é um termo que designa orientador, aconselha, encoraja, nutre Telêmaco/Mentee/orientando na conquista do seu desiderato. Há um traço de alteridade nesse ato, dado que atingir o lugar desejado invoca o autoconhecimento e a descoberta.
Como observa Descartes, “quando se emprega tempo demais em viajar, acaba-se por virar estrangeiro no próprio país, e quando se é muito curioso por coisas que se praticavam nos séculos passados, fica-se muito ignorante das que se praticam neste” (2009, p. 42). Transpondo essa ideia para a fatura de uma investigação, é necessário engendrar o presente e a presença, pois uma pesquisa evidencia sua potência quando dialoga com as demandas do seu (nosso) tempo.
A relação orientador e orientando é um acordo sempre afinado, acontece, porém, que uma das partes envolvidas pode não encontrar consonância com o par, por diversas razões. Foi, por exemplo, o que ocorreu com Descartes, no seu tempo. Ele abandona a “academia” e segue a sua própria orientação. Isso é possível, quando não se encontra o par que se lhe corresponda. Assim, apartado de um Mentor, Descartes empreendeu uma viagem para cultivar o espírito científico. Schlegel nos diz que. “todo homem que é culto e se cultiva também contém um romance em seu interior” (SCHLEGEL, 1997, p. 32). Se tomarmos a palavra culto, na acepção de buscar (avançar) o conhecimento, verificamos que esse romance interior, configura-se como pesquisa, e é necessário que se exteriorize, que ganhe corpo mediante a escritura, após deixar-se atravessar pela matéria que busca. Dessa forma, poderíamos dizer que há um método (um romance) peculiar quando se trata da escritura da investigação. Experiência e conhecimento que põe em evidência a relação orientador e orientando, parceiros na constituição do itinerário da viagem.
Resumo:
O texto aborda, de forma sucinta, quatro aspectos do mestrado, pensado como processo de formação de um pesquisador. São eles: orientador e orientando, o pesquisador iniciante, contribuição das disciplinas cursadas e as implicações da citação.
Abstract:
The text discusses, briefly, four aspects of a master course, thought of as forming a researcher. They are: advisor and mentee, the novice researcher, contribution ot he courses taken and the implications of the quote.
要約:
本論は、研究者を育成する課程で考えられる大学院博士前期課程の4つの側面を簡潔に扱う。それらは「指導者と指導」、「研究者入門」、「講義を受ける有効性」そして、「引用の意義」である。
Essa breve reflexão é resultado de discussões realizadas durante a disciplina A Study of Portuguese Communication (Graduate School), transcorrida na Gaidai. O programa tinha como objetivo o estudo da metodologia cientifica, mediante análises de processos que visam à elaboração de uma investigação em nível de mestrado. Buscou-se colocar em discussão temas de interesse do aluno-pesquisador e sua relação com a pesquisa em geral. Foram tratadas questões referentes à definição de objeto, metodologia, análise de resultados e possibilidades de escritura. Foi nesse âmbito que emergiram os quatro aspectos aqui tratados. Mais do que a tentativa de apontar soluções, tem-se como horizonte apresentar questões, problemas suscitados no decorrer da disciplina e como eles foram abordados.
O orientador e o orienta
ndoO mestrado (hakase zenki katei), pensado como processo formativo de um pesquisador, traz diversas questões, quanto à relação orientador e orientando, relação essa que constitui um ato implicado, pois aquilo que se faz repercute um no outro. É algo exercido na confiança mútua, que se constrói a cada encontro, no transcorrer do percurso acordado. Nesse sentido, poder-se-ia pensar numa viagem, como metáfora desse transcurso. A ideia de viagem sugere outros sentidos para o termo orientador, na medida em que ele se aplica a diferentes instâncias quanto ao caminho perfilado. Há um aparente paradoxo quando se diz buscar a retidão do caminho, pois se procura fixar uma trilha para um “automóvel brilhante que navega em trilho solto”, conforme nos diz Caetano Veloso (2013), na música Os Argonautas, concernente à trajetória de um barco.
O mestrado pode configurar-se, nessa perspectiva, como uma espécie de bildung, uma viagem formativa, em que o sujeito vislumbra o porto que se quer alcançar. Um processo dinâmico que coloca em moção todo o ser. Compartilhar que se estabelece consigo próprio e com o orientador, no formar-se mediante a prática da investigação. Em A Odisseia (2008), Homero narra as experiências de Odisseu (Ulisses) durante a guerra de Tróia. Ao partir, Odisseu deixou seu filho Telêmaco sob a tutela de Mentor, seu amigo mais próximo. Decorrido um tempo após findar a guerra, Odisseu ainda não havia regressado para casa. Assim, Telêmaco sai em busca do pai. Durante a viagem, a deusa Atena assumia a forma (a máscara) de Mentor, para encorajar e aconselhar o destemido Telêmaco, perante as situações enfrentadas. Essa viagem não ocorre para um lugar qualquer, ela possui um destino determinado. Mentor/Minerva, que no idioma inglês, é um termo que designa orientador, aconselha, encoraja, nutre Telêmaco/Mentee/orientando na conquista do seu desiderato. Há um traço de alteridade nesse ato, dado que atingir o lugar desejado invoca o autoconhecimento e a descoberta.
Como observa Descartes, “quando se emprega tempo demais em viajar, acaba-se por virar estrangeiro no próprio país, e quando se é muito curioso por coisas que se praticavam nos séculos passados, fica-se muito ignorante das que se praticam neste” (2009, p. 42). Transpondo essa ideia para a fatura de uma investigação, é necessário engendrar o presente e a presença, pois uma pesquisa evidencia sua potência quando dialoga com as demandas do seu (nosso) tempo.
A relação orientador e orientando é um acordo sempre afinado, acontece, porém, que uma das partes envolvidas pode não encontrar consonância com o par, por diversas razões. Foi, por exemplo, o que ocorreu com Descartes, no seu tempo. Ele abandona a “academia” e segue a sua própria orientação. Isso é possível, quando não se encontra o par que se lhe corresponda. Assim, apartado de um Mentor, Descartes empreendeu uma viagem para cultivar o espírito científico. Schlegel nos diz que. “todo homem que é culto e se cultiva também contém um romance em seu interior” (SCHLEGEL, 1997, p. 32). Se tomarmos a palavra culto, na acepção de buscar (avançar) o conhecimento, verificamos que esse romance interior, configura-se como pesquisa, e é necessário que se exteriorize, que ganhe corpo mediante a escritura, após deixar-se atravessar pela matéria que busca. Dessa forma, poderíamos dizer que há um método (um romance) peculiar quando se trata da escritura da investigação. Experiência e conhecimento que põe em evidência a relação orientador e orientando, parceiros na constituição do itinerário da viagem.